Emoção, ancestralidade e resistência marcam a última noite do festival com apresentação épica no Centro Cultural dos Povos da Amazônia
Fala Amazonas
25/07/2025 às 20:30
Na noite deste sábado (26), o Boi Brilhante encerra o 67º Festival Folclórico do Amazonas com o espetáculo “Terra-Folclore”, uma verdadeira ode às raízes nordestinas em solo amazônico. A apresentação, que acontece no Centro Cultural dos Povos da Amazônia, promete emocionar o público com uma narrativa que entrelaça migração, identidade e tradição através da linguagem potente do bumbá.
A estreia do espetáculo foi marcada por um ensaio geral realizado na noite de sexta-feira (25), acompanhado de perto por integrantes, apoiadores e admiradores do boi, que puderam sentir a força da apresentação que fecha com chave de ouro a edição 2025 do festival.
Um tema que une culturas e histórias
“Terra-Folclore” é mais do que uma temática artística: é uma jornada poética e histórica que mergulha na convivência entre as culturas nordestina e amazônica. O Boi Brilhante leva à arena um espetáculo que homenageia os povos que migraram em busca de novos horizontes e encontraram na Amazônia uma terra fértil para sonhar e resistir.
O projeto propõe uma releitura da influência nordestina na formação cultural amazônica, abordando aspectos como culinária, linguagem e religiosidade, além de valorizar os elementos ancestrais da floresta, dos rituais indígenas e das lendas populares.
Encenação dividida em atos de resistência e memória
A estrutura dramatúrgica do espetáculo é composta por sete atos. Entre os destaques está o Ato V, que traz à cena a lenda da Matinta Pereira, figura mítica representada como uma bruxa em forma de ave, símbolo do medo e do mistério nas noites do interior.
No Ato VI, a força das lideranças indígenas é exaltada com o quadro “Aliançamentos pela Liberdade”, em homenagem à cacica Manaó Ana Soares e aos tuxauas, figuras centrais na luta pela preservação cultural e territorial dos povos originários.
Já o Ato VII mergulha na tradição Tikuna com o ritual Worecütchiga, que marca a passagem da menina moça à fase adulta, revelando detalhes como a reclusão no Turi, a pintura com jenipapo e a sabedoria transmitida pelas anciãs.
Figuras femininas ganham protagonismo na arena
A apresentação do Boi Brilhante também destaca a força da mulher amazônida. A Cunhã Poranga, vivida por Maylin Menezes, surge como guerreira e guardiã da floresta. A Rainha do Folclore, interpretada por Victória Castilho, incorpora a beleza e a resistência cultural por meio de figurinos inspirados nas plumagens das aves da Amazônia.
O ator e pesquisador Raony Silva dá vida ao Pajé Tikuna, em performance marcada por rituais e cantos de grande força dramática e conexão espiritual.
Homenagem a um legado: Seu Coca, o pai do boi
O ápice do espetáculo acontece com a homenagem ao fundador do Boi Brilhante, Vilson Costa, conhecido carinhosamente como “Seu Coca”. A cena final emociona ao rememorar a trajetória de quem iniciou o boi com paixão e comprometimento cultural, reforçando o sentimento de pertencimento e continuidade entre gerações.
Nos bastidores: criação coletiva e dedicação artística
Com direção artística de Adan René e direção de arena de Thyago Cavalcante, o espetáculo “Terra-Folclore” envolve mais de 80 profissionais atuando na criação de alegorias, coreografias, trilhas sonoras e indumentárias.
O projeto é fruto de meses de pesquisa, encontros formativos e ensaios intensos. Cada personagem, dança e elemento visual foi construído com o objetivo de emocionar e valorizar o folclore brasileiro com excelência técnica e sensibilidade cultural.
O encerramento de uma edição memorável
Com o Boi Brilhante, o 67º Festival Folclórico do Amazonas encerra sua programação reforçando o papel da arte como ferramenta de memória, denúncia e celebração. Para os manauaras que acompanham o festival ano após ano, o espetáculo deste sábado promete entrar para a história como uma das apresentações mais marcantes dos últimos tempos.
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