Trump contra o Pix? Entenda por que os EUA investigam sistema brasileiro de pagamentos

Investigação interna nos Estados Unidos levanta suspeitas sobre práticas “desleais” do Brasil, e Pix entra no radar como ameaça ao domínio financeiro de empresas americanas

Um dos maiores orgulhos da inovação financeira brasileira, o Pix, entrou no centro de um novo embate comercial. A representação de Comércio dos Estados Unidos, chefiada por Jamieson Greer, anunciou a abertura de uma investigação sob a Seção 301, alegando práticas consideradas “desleais” pelo Brasil no setor de pagamentos eletrônicos — e embora o nome “Pix” não tenha sido citado diretamente, o sistema foi claramente o alvo implícito.

O documento oficial aponta que o Brasil “parece se envolver em uma série de práticas desleais com relação a serviços de pagamento eletrônico, incluindo […] a vantagem de seus serviços de pagamento desenvolvidos pelo governo”.

🔍 O que está por trás do incômodo dos EUA?

Segundo especialistas, o desconforto vem de vários fatores:

  • Concorrência direta com o WhatsApp Pay, criado pela Meta (empresa de Mark Zuckerberg, aliado de Donald Trump).
  • Adoção crescente do Pix em transações internacionais, especialmente em países como Paraguai e Panamá, onde já é aceito como forma de pagamento.
  • Lançamento do “Pix Parcelado”, previsto para setembro de 2025, que desafia diretamente o modelo de negócios das operadoras de cartão de crédito norte-americanas, como Visa e Mastercard.

Para a economista Cristina Helena Mello, da PUC-SP, a ameaça não é só técnica, é geopolítica:

“Quanto menos o dólar é usado em transações internacionais, menor seu valor e influência. O Pix dribla esse domínio ao ser aceito diretamente por comerciantes estrangeiros, como ocorre em regiões de fronteira.”

📉 WhatsApp Pay foi barrado no Brasil antes da estreia do Pix

Em 2020, o WhatsApp anunciou o lançamento de um sistema de pagamentos no Brasil, mas teve o serviço suspenso pelo Banco Central e pelo Cade uma semana depois. A justificativa era a falta de integração com o sistema financeiro nacional e potenciais riscos à concorrência.

O Pix, por sua vez, já estava em desenvolvimento desde 2018 pelo Banco Central, dentro de um modelo neutro e regulado, com o objetivo de criar um sistema inclusivo, eficiente e competitivo — características que explicam seu sucesso.

📊 Pix: inclusão, eficiência e impacto trilionário

Lançado em novembro de 2020, o Pix movimentou R$ 26,4 trilhões em 2024, segundo o Banco Central, e é amplamente defendido por economistas como uma ferramenta de inclusão financeira.

“O Pix permitiu que pequenos comerciantes, trabalhadores informais e pessoas sem conta bancária pudessem transacionar com agilidade e custo zero. Isso é revolucionário”, destaca Cristina.

Além de fomentar o acesso ao sistema financeiro, o Pix reduziu a dependência de intermediários e taxas, algo que pode explicar parte da resistência por parte de grandes corporações internacionais.

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